segunda-feira, 3 de maio de 2010

A PRIMEIRA VEZ - PARTE I

Foto:http://www.zaroio.com.br/i/o/20050215025123.jpg


Quando eu tinha dezesseis anos, morei um ano com meus avós maternos para estudar. Era um garoto virgem e tímido com grande desejo de ter uma mulher nos braços, mas me comprazia — enquanto aguardava impaciente esta hora — com a masturbação e as fotos de mulheres peladas em revistas masculinas.

Imaginava, como qualquer adolescente, cavalgar aquelas mulheres douradas de sol, pernas longas e ancas largas, pentelhos bem aparados contidos nos limites da marca do biquini, até as raias do insaciável. Usufruía de seus corpos em todas as posições e lugares, tendo a prodigalidade literária favorecido muito minhas fantasias enquanto as lides amorosas não passavam de aspiração futurista.

Àquela época, como não é mais hoje, basicamente duas eram as possibilidades de um garoto iniciar-se no sexo: com a namoradinha assanhada ou recorrendo às putas dos bordéis. A minha timidez eliminava a primeira opção; a segunda, eliminava-a a penúria de dinheiro. As poluções noturnas eram um sinal inequívoco de que o corpo reclamava com urgência uma saída. Invariavelmente aconteciam quando estava no melhor de um sonho erótico, possuindo as mais belas mulheres, sentindo na penumbra do quarto a pressão de suas carnes frescas que durante o dia adelgaçavam-se numa fina folha de revista. Então acordava contrariado em meio ao orgasmo, bem na hora em que ela procurava em transe o meu ouvido para segredar com voz melíflua: “gozei!”

Instintivamente descia a mão ao pinto e, em alguns poucos casos, pressionando-o na cabeça, evitava que o jorro quente de esperma melasse a cueca e o calção. Quando na maioria das vezes o reflexo fracassava, era com grande malabarismo que escondia a mancha no calção, lavando-o ainda cedo antes que meus avós, minha tia e minha irmã se levantassem. E foi esse o ano em que mais madruguei. Restava por todo o dia, como tortura, as imagens dos corpos esbeltos enroscando-se no meu, as caras e bocas de prazer que elas faziam no sonho. Quando podia escapulir do comércio de tecidos de minha avó, em qualquer pequeno intervalo, perdia-me em gemidos abafados no banheiro em frenéticas punhetas.


Nem Dom Juan nem Casanova
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Todos os nomes próprios são fictícios

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