Durante toda a manhã de sábado ela atazanou o meu pensamento. Por conta disso, os fregueses na loja foram mal atendidos e estranharam o meu alheamento. Ao atendê-los, eu trocava brim por linho, malha por lã; invertia os preços das fazendas e passava o troco errado. Enfim, entrei em parafuso. Pensava o tempo todo o que poderia acontecer entre mim e ela sozinhos na casa; e por dois dias. Ela, deixando claro suas intenções, armava o bote para me pegar. Por mais ingênuo ou inexperiente que eu fosse, estava evidente que ela me provocava. E com a óbvia finalidade de me levar para a cama. Como era isso que eu também queria não podia negacear agora. Oscilei até a hora do almoço entre o desejo de fugir e a vontade de convidá-la para a cama.
Angustiado, fechei as portas da loja ao meio-dia como fazia toda a cidade. Maria finalizava o almoço na cozinha. O cheiro picante de pimenta-do-reino e alho na carne cozida desprendia-se forte da panela, volteava pela cozinha procurando uma saída, envolvia o corpo de Maria — espremido num calçãozinho que lhe delineava a bunda generosa e as coxas fartas —, e metia-mo pelas narinas e olhos tonteando-me, como se inebriado estivesse por um fluido sensual. Minhas forças estavam a ponto de exaurir, soçobrava a vontade de afastar-me dali, meu baixo-ventre formigava e a pica tesa de desejo estava a ponto de explodir.
Com certeza ela observava disfarçadamente as minhas reações, pois largou o abano de palha sobre o fogão a lenha, virou o rosto afogueado pela proximidade do calor, perguntando:
— Vai banhar antes de comer?
Acuado, apenas confirmei com um gesto de cabeça. Dirigi-me como um autômato ao varal e peguei a toalha.
Hoje não consigo lembrar quanto tempo fiquei no banho nem a quantidade de punhetas que bati. Sei apenas que, após refrescar a cabeça na água fria, saí de lá resoluto: ia convidá-la para meter. Não mais podia deixá-la manipular-me como a um bonequinho de ventríloquo, ou fazer-me de cachorrinho que se rende aos caprichos da madame. Não mais iria tolerar sem contra-atacar os seus olhares maliciosos que tanto me desconcertavam. Sabia que era uma mulher experiente, quase trinta anos, e isso era suficiente para me deixar em pânico. Daria conta de uma mulher tarimbada? Sabia que a realidade não é como nos sonhos, nos quais me saía maravilhosamente bem. E com ela como seria? Ao sair decidido do banho, junto com a cortina do box joguei para trás todas as dúvidas e receios. Apesar das muitas punhetas estava confiante. A rígida solidariedade da pica não deixava dúvida do caminho a seguir. Sorri porque não estaria só naquela empreitada.
Encontrei-a na cozinha. Ela me esperava. Cheguei enrolado na toalha, o corpo fresco cheirando à lavanda do sabonete. Aproximei-me dela o mais que pude, o coração batendo na garganta. Maria apertou os olhos à espera de uma atitude minha já que quase roçava meu corpo no dela. Num movimento brusco, que para mim pareceu lento e pesado, abri a toalha mostrando o corpo nu e o membro duro.
Em palavras que saíram trêmulas, perguntei:
— E aí, o que acha disso?
Ela levou a mão à boca numa expressão de falso espanto, mas disse com voz firme admirando meu grande calibre:
—Menino, que prodígio!
Se ela não tivesse dado o passo seguinte, acredito que teria ficado ali a tarde inteira segurando a toalha, aberta como asas de morcego, sem saber o que fazer.
Profissional, Maria cingiu-me o corpo num abraço, largando a toalha no chão. Voltou a mão para a minha pica, dedilhando suavemente o meu saco, o que me levou a abrir bem as pernas enquanto seus lábios colaram-se aos meus num beijo ardente e demorado.
Entre sussurros e gemidos, disse com clareza.
— Menino, vou ensinar tudo a você.
Nem Dom Juan nem Casanova
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Todos os nomes próprios são fictícios.
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